quarta-feira, 19 de maio de 2010

Crónica de Antínio Mendes Nunes, o nosso 14

ESPECIALISTA HISTÓRIAS DE HUMOR

Mordomias

por António Mendes Nunes,
Publicado em 19 de Maio de 2010
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"Jobs for the boys" é a expressão actual para o anterior "arranjo para os amigalhaços". Consultando documentos antigos chega-se à conclusão que é um mal nacional velho de séculos, este costume português de distribuir honras e mordomias a quem melhor pode servir os interesses particulares de quem tem ou está no poder.
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No final do século XVIII entrou na moda visitar Portugal. Um dos que não resistiram foi o inglês Richard Twiss que entre 1772 e 1773 esteve em Lisboa, deixando as suas impressões relatadas no livro "Travels through Portugal and Spain", editado em Londres em 1775.
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Twiss conta como ficou chocado com o desprestígio em que tinha caído a Ordem de Cristo, que ele tinha visto ao pescoço de um criado de quarto, de um professor de bilhar e de um músico. Dez anos depois, em 1803, escrevia o conde de S. Lourenço: "Tem-se vulgarizado as honras. Na divisão das três ordens militares deram-se tantos hábitos de S. Tiago, que apesar de ser uma ordem respeitável, já ninguém a quer [...] Esta quantidade de tarifas em muito poucos anos, reduz os três milhões de portugueses a três milhões de nobres: neste caso a maior distinção que pode haver é não ser nobre, e o modo de o conseguir é não servindo o Estado de modo nenhum." Depois de 1822 foram tantos os títulos atribuídos que Almeida Garrett escreveu (20 anos antes de também ter sido feito visconde): "Foge cão que te fazem barão - para onde, se me fazem visconde?" Agora, como os títulos deixaram de render, inventaram-se os lugares de administração, de acessoria e outras coisas que tais.
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Editor de opinião Escreve à quarta-feira

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