terça-feira, 28 de dezembro de 2010

saudações 2010

Boas-Festas
Que 2011 veja realizados todos os teus sonhos.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Bolo Rei da Nacional

O bolo-rei é lisboeta, embora pouco a pouco se tenha tornado numa gulodice portuguesa. Nacional, diríamos melhor, porque foi na Confeitaria Nacional, ainda hoje vivíssima ali à Praça da Figueira, que ele nasceu há quase 150 anos. Mas a história deste bolo (ou algo semelhante) iniciou-se muito antes, em terras de França, reinava então Luís XIV (reinou de 1643 a 1715) e chamava-se gâteau dês rois. Tão famoso era que o pintor Jean Baptiste Greuze o imortalizou num quadro. Durante a Revolução Francesa o nome foi proibido e passou a chamar-se bolo dos sans Culottes (sem calções, a que chamaríamos hoje povo) ou bolo da boa vizinhança. Mas como é que chegou a Lisboa? Em 1829 Baltazar Roiz Castanheira, um transmontano de Vila Pouca de Aguiar, abriu a Confeitaria Nacional, que em pouco tempo se transformou numa referência em Lisboa, com os seus bolos e refrescos. O nosso confeiteiro pôde mandar o filho, Baltazar Castanheiro Júnior, a França e a outros países ver o que lá fora se fazia de melhor e foi numa dessas viagens, por volta de 1860 que ele trouxe, provavelmente do sul de França a receita e uma litografia do quadro de Greuze. Quando tomou conta da gerência da casa pela morte do pai, em 1869, contratou chefes pasteleiros em Paris e Madrid e lançou o bolo-rei, que seis gerações depois se mantém como o mais famoso de Lisboa. Tal como em França na altura da Revolução, também em Portugal, depois da queda da monarquia em 1910 lhe mudaram o nome. Os mais inflamados chamaram-lhe bolo república, outros bolo de Natal ou bolo de ano novo, mas passado pouco tempo voltou ao nome original e bolo-rei se mantém até hoje. António Mendes Nunes, jornal i, 22 de Dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

BOAS FESTAS

DESDE A FRIA LONDRES, DESEJO A TODOS UM NATAL EM PAZ E UM 2011 CHEIO DE SAUDE E ARMONIA

Boas Festas

Ex-colegas, caros amigos e companheiros das estradas do mundo Boas festas com tudo a que têm direito (incluindo bolo-rei que, como bem sabem, se come de boca fechada). Não desanimem com a crise, bebam-lhe (moderadamente, claro) uns copos (há sempre o pretexto de fazer um brinde) e mantenham-se informados. - Leiam o jornal i (enquanto durar tenho lá umas prosas catitas às segundas -carros e vinhos - às sextas, carros na óptica do utilizador e às quartas umas historietas de Lisboa que também podem ler aqui), um menú completo, digamos. -Inspirem-se no meu blogue do i (só rolar a página http://www.ionline.pt/ até ao fim e ver À Lei da Rolha) para procurar bons vinhos a preços muito acessíveis. Leiam o livro da minha irmã, a Natércia, acabadinho de sair numa edição da LACAM, chamado Coisas da Vida. Alguns contos até nos metem ao barulho (antigos Ivêesses). Tomem uns Cholipins, divirtam-se e tenham saúde!

Olivais Velhos

Foi fora de portas e é a zona urbana inicial dos Olivais, designada por "Olivais Velhos". Nunca foi bairro popular; é antes uma aldeia encravada numa cidade de Lisboa com a qual pouco ou nada tem a ver. Do lado do rio construíram o Parque das Nações, a sul e a norte nasceram torres desmesuradas e bairros de classe média, a oeste plantaram-lhe o aeroporto. Das explorações agrícolas e quintas de recreio, que até pouco antes de meados do século passado constituíam a maior parte da sua superfície, praticamente nada resta. Ficou uma praça, uma igreja, um coreto, um chafariz, duas ou três casas apalaçadas e ainda alguns renques de habitações mais modestas com quintal, que em nome de uma suposta modernidade algum dia também hão-de vir abaixo. Essa aldeia já foi sede de concelho (o maior de Portugal, com 22 freguesias), já pertenceu ao bairro administrativo de Alfama, viu nascer a mãe do marquês de Pombal e serviu de cenário aos amores de Carlos e Maria Eduarda, protagonistas de "Os Maias". Onde fica? Quem sobe a Avenida de Berlim vindo da Avenida Infante D. Henrique, deixando atrás das costas a Gare do Oriente, encontra à direita uma entrada manhosa que o conduz, 40 ou 50 metros adiante, ao Largo da Viscondessa dos Olivais, onde está o tal coreto e é o centro da terra. A criação da paróquia recua a 1397 e a 1852 a do concelho, que por trapaça política desapareceu em 1886. Rezava o decreto: "É transferida para a povoação de Loures a sede do concelho dos Olivais, que passará a chamar-se concelho de Loures." Deixou de existir, é verdade, mas extinto nunca foi. . Publicado no jornal i em 15 de Dezembro de 2010 .......................................................................................................................................................................... António Mendes Nunes Editor de opinião Escreve à quarta-feira

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Reescrever a História

A rua das Amoreiras, que liga o Largo do Rato à Avenida Duarte Pacheco já se chamou Rua de S. João dos Bemcasados, por aí ter existido uma ermida com essa invocação, mas não é essa a história que hoje vamos seguir. O que nos interessa é o Arco Monumental do Aqueduto das Águas Livres, que une os dois lados da rua e que tem duas lápides, uma de cada lado. Numa delas diz (transposto para a grafia actual): “Regulando D. João V, o melhor dos reis, o bem público de Portugal, foram introduzidas na cidade, por aquedutos solidíssimos que hão-de durar eternamente, e que formam um giro de nove mil passos, águas salubérrimas, fazendo-se esta obra com tolerável despesa pública e sincero aplauso de todos. Ano de 1748”. Esta inscrição, no entanto, não é a original, mandada picar em 1773 “até que se não visse”, escrita em latim, e que dizia mais ou menos o seguinte “No ano de 1748, reinando o piedoso, feliz e magnânimo rei D. João V, o Senado e povo de Lisboa, à custa do mesmo povo e com grande satisfação dele, introduziu na cidade as Águas Livres desejadas por espaço de dois séculos, e isto por meio de aturado trabalho de vinte anos a arrasar e perfurar outeiros na extensão de nove mil passos”. Quem mandou alterar a inscrição? Sebastião José de Carvalho e Melo, então já Marquês de Pombal, que na defesa dos ideais do iluminismo, não teve pejo em varrer da homenagem o desgraçado povo de Lisboa que pagou a obra com os impostos lançados sobre o azeite, o vinho e a carne que consumia na cidade e arredores. António Mendes Nunes Editor de opinião Publicado em 8-12-2010 no jornal i

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Natal 2010

PARA TODOS OS AMIGOS DO IVS VOTOS DE BOAS -FESTAS E UM ANO 20011 O MELHOR POSSÍVEL SÂO OS MEUS VOTOS J.A

sábado, 4 de dezembro de 2010

Blogue mais visualizado do que parece

Em Julho 2010 foram visualizadas 2.751 páginas do Blogue IVS. Em Setembro houve 2.241 visualizações e em Novembro 2.292 e nos primeiros 4 dias de Dezembro 199. Pena que 2% desses visualizadores não decida participar no Blogue! Fica aqui o desafio! Agradecemos.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

puzzle humano

Entre finais de Julho e finais de Agosto de 1710 a sociedade lisboeta horrorizou-se com um espectáculo macabro: o aparecimento dia após dia de sacos com restos humanos. Os sacos eram deixados no sítio então chamado das Obras do Conde de Tarouca como se de um jogo se tratasse e cada bocado encaixava no anterior como se fosse um puzzle, retalhados por quem parecia ter bons conhecimentos de anatomia. Além do mais, a maneira como os despojos eram deixados não dava a ideia de uma tentativa de ocultação, mas antes de um acto de arrogância, de um jogo macabro. Um mês depois o corpo ficou completo, ou quase. Verificou-se que pertencia a uma jovem mulher, mas a quem faltava a cabeça. Dias depois a cabeça apareceu na Junqueira, juntamente com o corpo de uma criança de tenra idade. Relatos da época dizem que a vítima teria sofrido sevícias, a que hoje chamaríamos sado-masoquistas, antes da morte. Nem a recompensa de mil cruzados oferecida pelo rei D. João V, nem a exposição da cabeça da assassinada à porta da Misericórdia abriram pistas que conduzissem à identificação de assassino e assassinada. Entre o povo atribuía-se o crime a jogos de algum nobre e seus comparsas, com alguma desgraçada que lhes tivesse caído nas garras. Entre a nobreza falava-se de crime cometido por açougueiro na tentativa de eliminar mãe e filho, fruto de amores clandestinos. A verdade é que o sítio adquiriu má reputação, uma espécie de maldição que se haveria de manter por mais de um século, até à construção de um jardim, em 1855, no local que desde então se passou a chamar Praça do Príncipe Real. António Mendes Nunes