quarta-feira, 26 de maio de 2010
Crónica de António Mendes Nunes, o nosso 14
Os Vaz Serra
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Só a cabecita ....
A Margarida Torneira era tão teimosa como uma torneira velha quando pinga, pinga e não há nada que a faça parar.
Nem uma bucha nova. Fica tudo na mesma.
Com a senhora Margarida Torneira, que Deus haja, era o mesmo. Fazia sempre a sua vontade, até mesmo quando o Sr José, seu marido, perdia a paciência, ela sempre a resmungar, até se calar.
Não tinha filhos. Mas aferrolhava tudo e fazia os possíveis e os impossíveis para não gastar dinheiro. Matar uma galinha ? Comer um ovo ? Isso era para os dias de festa E era quando, era.
Como já disse, a Sra Margarida Torneira não tinha filhos, mas gostava muito de crianças. Contava-lhes histórias longas e intermináveis nas noites iluminadas pela lua de Agosto durante as descamisadas ou debulha do milho
É que as noites quentes de Verão eram aproveitadas pelos vizinhos da minha aldeia na entreajuda dessas tarefas. Sem luz eléctrica, apenas iluminadas pelo luar ou candeeiro a petróleo, mais se ouvia do que via as espigas caírem dentro dos cestos grandes e fundos.
Nunca viu o mar. Não fazia a menor ideia como seria. Apenas sabia que era grande, fundo e azul. Nas suas histórias entrava sempre, como personagem principal, o Mar.
Porquê ? Nem ela sabia. Mesmo sem o conhecer gostava de falar dele.
E falar do mar, de areia, de peixes, de búzios, barcos e monstros no meio de serras e mato talvez fosse de uma imaginação assustadora. Era assim a Senhora Margarida Torneira.
O mercado semanal, único lugar onde se comprava e vendia os produtos da terra era à Segunda feira.
Entrava-se por um portão de ferro com enfeites em forma de lança e percorrendo um corredor empedrado ficava , de um lado o pão vendido e arrumado em cestos de verga. Os bolos em forma de bonecos de braços esticados, num cesto ao lado. Depois seguiam-se as couves, feijão verde, batatas, tremoços, cabritos e tudo mais que houvesse para comprar e vender. A lei da oferta e da procura.
Lá ao fundo, recordo bem, o monte de milho e grão de bico posto em cima de mantas da azeitona e medido com o alqueire de madeira, negro e sujo pelo tempo e pelo uso.
Do lado oposto, o peixe. Lá estavam as mulheres com caixas de sardinha acamadas e direitinhas como filas de soldados, cobertas de sal.
Contavam-nas com uma certeza que sempre me confundiu. É que nesse tempo a sardinha vendia-se por conto.
Também a Sra Margarida Torneira ia ao mercado com o marido. Única distracção. Aproximava-se da caixa da sardinha. Procurava as mais pequenas e mais baratas. Levava três ou quatro. Não precisava de mais. Chegavam para o seu Zé.
Ele bem queria que levassem mais, mas ela, teimosa, não consentia. Eram só para ele.
Chegados a casa, assavam as sardinhas nas brasas que ficaram no borralho. No prato dele luziam, com azeite e cebola picada, poisado em cima dos joelhos. O Sr José dava a primeira garfada. E era quando ela, devagarinho ia chegando o banquito de madeira para junto dele e baixinho começava:
__ Ah ! Zé, dá-me só a cabecita .....
Então ele explodia:
__ Filha da ....... comprasses mais sardinhas, como eu queria. Vai buscá-las ao mercado, sovina .....
Mas a Sra Margarida Torneira, teimosa, como uma torneira que pinga toda a noite, não ia comprar mais sardinhas, mas todas as Segundas-feiras sentada mesmo banquinho junto à lareira atazanava a cabeça do marido:
__ Ah! Zé dá-e só a cabecita !!!!!!
Natercia Martins
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Carta Para a Minha Mãe
Blogue
Meus Caros,
É evidente que o nosso blogue se esgotou.
A esperança, talvez tola, de que novas gerações se nos juntariam provou ser uma miragem bem intencionada. Tal como o foi pensar que pessoas marcantes da nossa época como o Parente Esteves, Jorge Nogueira, Maria da Glória Byscaia, manos Galvão, Marques Pedro, Cesaltina, Galinha e outros, se nos juntassem.
Nada disso aconteceu e o entusiasmo inicial evaporou-se.
Não é possível manter um blogue sem participantes.
Proponho que alguém de entre os membros originais tome conta do blogue ou que o apaguemos.
Grande abraço a todos,
Sérgio
IVS 192
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Crónica de Antínio Mendes Nunes, o nosso 14
ESPECIALISTA HISTÓRIAS DE HUMOR
Mordomias
Casamento Homo
domingo, 16 de maio de 2010
Abril
Abril de águas mil
amanheceu na esperança
de trazer a Primavera
a solidariedade
o perfume dos malmequeres
as gaivotas no ar
e a liberdade
Abril de águas mil
Amanheceu na eperança
Que as fardas trouxessem
Paz
Igualdade
Coragem
Alegria
Abril de águas mil
trouxe as árvores em flor
o arco iris da esperaça
apereceu com os cravos vermelhos
que floriram nos canos das espingardas
Abril de águas mil
trouxe foguetes
onde a multidão se juntou
para aprender o que é democracia.
E em cada aniversário
Abril vai nascendo
um ano, outro ano e mais outro.
E em cada ano
Abril de águas mil se renova
Se transforma
Mas Abril será sempre Abril !
Natércia Martins
2010
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Crónica de António Mendes Nunes, o nosso 14
domingo, 9 de maio de 2010
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Instituto Vaz Serra
Nota da Administração: O Blogger está a atravessar uma crise no concernente à Moderação de comentários. Dado isso, permito-me transcrever para aqui este comentário:
From: jose manuel Date: 05/06/10 21:08:50 Subject: [INSTITUTO VAZ SERRA - Antigos Alunos] Novo comentário sobre Instituto Vaz Serra. |
É muito triste ver o estado em que chegou o IVS...atrevo-me a dizer que em tudo o IVS vai definhando...
Peço também ao José Manuel que mande o seu e-mail para ex.alunos.ivs@gmail.com para a administração fazer o convite para entrar no blogue e postar sem necessidade de moderação.
Bem-vindo José Manuel.
António Memdes Nunos no I
ESPECIALISTA HISTÓRIAS DE LISBOA
Desgraçada lotaria
Conta o "Almocreve", em nota de 25 de Fevereiro de 1798, intitulada "Cunhal das Bolas", que certo morador do Bairro Alto a quem tinham roubado um bilhete colou outro em que investiu na cabeceira da cama com eficaz cola de marceneiro. Saíram-lhe 300 mil réis (uma soma considerável) e o nosso lisboeta chamou um galego para lhe levar a cama à Santa Casa. Quando passava na Travessa da Queimada uma criada atirou com uma vasilha de despejos para a rua que foi acertar no galego e na carga que levava às costas. O homem desequilibrou-se e caiu no lamaçal em que a chuva tinha transformado a rua. O premiado, que seguia atrás, foi a correr tentar salvar o seu rico bilhete, que mal se via coberto de porcaria. Com a ponta do capote tentou lavar a nojeira em que aquilo tudo se tornara. A tábua da cama ficou limpa, mas o bilhete desapareceu, desfeito numa pasta escorregadia e acastanhada. O mais certo é não ter voltado a jogar, mas isso não nos diz o "Almocreve".
Editor de opinião
Escreve à quarta-feira