quinta-feira, 22 de abril de 2010

O melhor café do mundo por António MN






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21Abr2010
Quarta












ESPECIALISTA HISTÓRIAS DE HUMOR

O melhor café do mundo

por António Mendes Nunes, Publicado em 21 de Abril de 2010   


QUANDO SE FALA em café lembramo-nos dos italianos, que desenvolveram máquinas modernas, eficazes e de belo design para o fazerem, tornando-se famosos em todo o mundo com o seu expresso. Pelo contrário, em Espanha não sabem fazer café. Na Alemanha estragam os melhores lotes em infusões pálidas que servem em canecas imensas. Em Inglaterra, sobranceiramente, bebem chá, que por sinal por lá foi divulgado por uma rainha que era portuguesa. E em Portugal? O nosso café é genericamente bom, mas nem sempre foi assim. E se o italiano António Marrare ficou para sempre ligado à cozinha portuguesa com o bife que se cozinhava num dos seus cafés, o do Arco Bandeira, justo era que também fosse lembrado como o homem que mostrou aos lisboetas o que era na verdade essa bebida.

Até ao início do século xix o que se bebia nos cafés e botequins da capital era uma mixórdia composta por alguns grãos de café misturados com tremoço, fava, feijão e grão-de-bico bichado, tudo torrado e misturado com um toque de fel de vaca para lhe dar um pouco de amargor.

Foi António Marrare quem, no célebre Marrare do Polimento, ao Chiado, primeiro serviu café puro, em chávenas de porcelana e bandejas com cafeteira, açucareiro e colheres, tudo em prata. Custava o triplo do que custava noutros estabelecimentos, mas freguesia não lhe faltava. Outros cafés foram-lhe seguindo o exemplo. Lisboa começou a beber do melhor café do mundo há 200 anos, pela mão de um italiano.

Editor de opinião, escreve à quarta-feira

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