domingo, 14 de fevereiro de 2010
Um Tavares rico de histórias
Em 1779 Nicolau Massa, por alcunha o Talão, abriu um estabelecimento com café e bilhares ao cimo da então Rua Larga de S. Roque (hoje Rua da Misericórdia), perto do Largo Trindade Coelho. Nesse mesmo ano nascia no Alentejo uma menina chamada Maria Francisca, que cinco anos depois viu nascer um irmãozinho a que puseram o nome de Jorge. Foi em 1784, o mesmo ano em que Massa transferiu o seu botequim para o n.o 35 da mesma rua, onde ainda hoje se encontra. O restaurante é o Tavares e o menino era Jorge de Avilez Juzarte de Sousa Tavares, primeiro conde de Avilez, que jamais imaginaria que, 230 anos mais tarde, um seu tetraneto, José Avillez (o ilustre conde é seu sexto avô) haveria de ser um dos maiores chefes de cozinha portugueses e estaria à frente do antigo botequim do Massa.O restaurante foi vendido e trespassado várias vezes até que, em 1823, foi comprado por Manuel Tavares e pelo seu irmão António. E foi já com o apelido deles no nome que entrou para a história de Lisboa. Eram dois excêntricos os irmãos: vestiam--se a rigor mas calçavam chinelos de ourelo e dirigiam-se aos clientes sempre em verso. Quando morreram, o Tavares voltou a ser vendido, mas ninguém lhe mudou o nome. Foi Vicente Caldeira, em 1861, que o transformou em verdadeiro restaurante de luxo, com os grandes lustres e espelhos doirados que ainda hoje se vêem. O Tavares teve altos e baixos, viveu glórias e tristezas, fez história e deu origem a muitas histórias. Hoje com a cozinha a cargo de José Avillez voltou aos seus melhores tempos. É o mais antigo restaurante de Portugal e um dos mais antigos do mundo.
por António Mendes Nunes, Publicado em 10 de Fevereiro de 2010 no jornal i
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1 comentário:
Felizmente não foi por motivo de doença que eu estive ausente durante uma semana e não tinha publicado ainda as minhas duas últimas crónicas. Foi pela por boa-vida!!
Aqui vão, com as desculpas pelo atraso.
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