terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Patriarcal queimada

A Patriarcal, sede de uma das duas dioceses em que Lisboa estava dividida, como contámos na última edição, situada junto ao Paço Real da Ribeira, desapareceu no terramoto de 1755. Onde realojá-la? A velha Sé estava fora de questão, porque era aí a sede da outra diocese, tendo-se escolhido, depois de várias alternativas, a construção de uma nova Patriarcal no que é hoje a Praça do Príncipe Real. Sobre os alicerces de um palácio que o conde de Tarouca ali tinha começado mas nunca acabado, com mais madeira e panos do que pedra, num misto de barraca e cenário de teatro, iniciou-se o culto em Junho de 1756 . Em 10 de Maio de 1769 declarou-se um fogo e a igreja ardeu por completo. Passou para o convento de S. Bento (actual Assembleia da República) e novo incêndio no dia 31 de Outubro de 1771. Nova mudança para S. Vicente de Fora e novo incêndio, ainda não tinha passado um ano. Quando muitos falavam em castigo divino, um padre da Patriarcal resolveu seguir as pontas à meada, examinou os destroços e viu que alguns ornamentos de ouro e pedras preciosas tinham sido substituídos por metal vulgar e pedras falsas. O autor dos incêndios, para ocultar os roubos, só podia ser Alexandre Franco Vicente, o armador daquele templo. Chamou-o à sua presença e o homem fugiu para Faro e depois para Ayamonte. Um dia regressou a Faro e foi preso. Reencaminhado para Lisboa confessou o crime e em 1733 foi condenado à morte. Atado a um cavalo foi levado de rastos do Rossio até ao alto do Príncipe Real, local do primeiro atentado, onde foi queimado vivo, atado a um poste. António Mendes Nunes - Jornalista - Publicado no jornal i de 21/10/2009

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