quarta-feira, 5 de agosto de 2009

De pimpolho a Pampulha

por António Mendes Nunes, publicado em 5 de Agosto de 2009 no Jornal i
A Pampulha é, em Lisboa, a coisa mais parecida com o Arco do Cego: também já foi nome de uma zona grande na cidade, hoje está confinada a uma rua e ninguém sabe de onde provém o nome.
Actualmente é apenas uma calçada com pouco mais de cem metros encaixada entre as ruas Presidente Arriaga e do Sacramento a Alcântara, passando por cima da pequena ponte ao fundo da Avenida Infante Santo. Mas já foi nome de bairro e o local da maior explosão que Lisboa já sentiu. Fez-me confusão não ter encontrado qualquer referência à origem do nome Pampulha e tentei descobri-la. Num dicionário antigo encontrei "pampulho", com o significado de malmequer silvestre.Seria uma boa pista não fora o termo ter apenas sido usado no Minho. Mas um pouco mais acima surge outro vocábulo bastante mais interessante: "pampolho", significando os primeiros rebentos que nascem no final do Inverno nas hastes das videiras. Com o mesmo significado aparece a palavra "pimpolho", afinal os rebentos, as crianças, no sentido que hoje lhe atribuímos.Naquela zona havia muitas vinhas e já Fernão Lopes conta na Crónica de D. João I (publicada na década de 1440) que durante o cerco a Lisboa pelas tropas castelhanas em 1383/1384, os soldados de Nuno Álvares Pereira iam dar caça aos invasores quando descobriram que eles, pela calada da noite, tinham por hábito ir roubar uvas em Alcântara. E a Pampulha fica apenas ali a dois passos. Se algum leitor souber de explicação mais convincente, que no-la faça chegar, por favor. Jornalista

3 comentários:

AntonioMN disse...

Aí vai mais uma historieta das muitas que Lisboa tem... e que eu sei.
Não percam para a semana a história da maior explosão que Lisboa já ouviu e de como poderiamos ter perdido a independência em 1580 de uma maneira muito mais barata!

Sérgio Lopes IVS 192 disse...

E uma historieta interessantíssima, como aquelas a que nos vais já habituando.

Grande abraço.

Natércia Martins disse...

Gosto das tuas histórias. São coisas que escapam à maioria das pessoas e só mesmo com pesquisa se dão estas coisas a saber.