quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Olivais Velhos
Foi fora de portas e é a zona urbana inicial dos Olivais, designada por "Olivais Velhos". Nunca foi bairro popular; é antes uma aldeia encravada numa cidade de Lisboa com a qual pouco ou nada tem a ver.
Do lado do rio construíram o Parque das Nações, a sul e a norte nasceram torres desmesuradas e bairros de classe média, a oeste plantaram-lhe o aeroporto. Das explorações agrícolas e quintas de recreio, que até pouco antes de meados do século passado constituíam a maior parte da sua superfície, praticamente nada resta. Ficou uma praça, uma igreja, um coreto, um chafariz, duas ou três casas apalaçadas e ainda alguns renques de habitações mais modestas com quintal, que em nome de uma suposta modernidade algum dia também hão-de vir abaixo. Essa aldeia já foi sede de concelho (o maior de Portugal, com 22 freguesias), já pertenceu ao bairro administrativo de Alfama, viu nascer a mãe do marquês de Pombal e serviu de cenário aos amores de Carlos e Maria Eduarda, protagonistas de "Os Maias".
Onde fica? Quem sobe a Avenida de Berlim vindo da Avenida Infante D. Henrique, deixando atrás das costas a Gare do Oriente, encontra à direita uma entrada manhosa que o conduz, 40 ou 50 metros adiante, ao Largo da Viscondessa dos Olivais, onde está o tal coreto e é o centro da terra. A criação da paróquia recua a 1397 e a 1852 a do concelho, que por trapaça política desapareceu em 1886. Rezava o decreto: "É transferida para a povoação de Loures a sede do concelho dos Olivais, que passará a chamar-se concelho de Loures." Deixou de existir, é verdade, mas extinto nunca foi.
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Publicado no jornal i em 15 de Dezembro de 2010
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António Mendes Nunes
Editor de opinião
Escreve à quarta-feira
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