ESPECIALISTA - HISTÓRIAS DE LISBOA
Por obra e graça
por António Mendes Nunes, Publicado em 04 de Agosto de 2010
QUANTO CUSTOU a Basílica da Estrela? A questão arrastou-se durante quase dois séculos. Construída entre 1779 e 1789, por um voto de D. Maria I, foi muito criticada, porque nessa altura já os soberanos da Europa das Luzes não construíam templos sumptuosos, aplicando o dinheiro em obras mais produtivas, como estradas, pontes, escolas e afins. Sobre o assunto vale a pena ler "Quanto custou a Basílica da Estrela", um trabalho da autoria de Luís A. Walter de Vasconcelos, editado pela Câmara Municipal de Lisboa (1989). É um trabalho de académico escrito em linguagem muito clara e bem-disposta, que se lê de uma penada.
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Afinal parece não ter custado tanto como se especulava, porque D. Maria I soube fazer economias: o terreno era de seu marido (e tio), D. Pedro III (fazia parte da Casa do Infantado), os arquitectos eram funcionários públicos (Mateus Vicente de Oliveira e Reinaldo Manuel dos Santos) e até o principal escultor, Joaquim Machado de Castro, pertencia aos quadros do Estado. Quanto ao custo total, não terá ultrapassado os 3,5 milhões de cruzados, a preços actuais, qualquer coisa como 15 milhões de euros. E se assim foi, saiu barato!
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Quem saiu prejudicado, e muito, foram os frades da Estrelinha (mesmo em frente, onde está agora o Hospital Militar), que ficaram sem a água do poço e com a horta em fanicos, o pátio soterrado sob toneladas de pedra, necessária para a obra, com a cerca escavacada pelas bestas de carga e pelos rodados das carroças que traziam os materiais. Pediram à rainha uma indemnização pelos estragos e pelos anos de desassossego, mas nunca viram um centavo.
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Editor de opinião
1 comentário:
António, cada vez aprendo mais contigo. Custou um balúrdio...
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