sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Justiça expedita

HISTÓRIAS DE LISBOA

Justiça Expedita

por António Mendes Nunes, Publicado em 25 de Novembro de 2009

A antiga Praça dos Remolares passou a chamar-se, depois de 1834, de Duque da Terceira, mas ninguém a conhece por outro nome que não o do sítio que lhe fica ao lado: Cais do Sodré. Em Março de 1708, D. Francisco de Sousa, proprietário no local, embarcou na outra banda, em várias fragatas, grandes quantidades de tábuas, barrotes e telhas e fê-las descarregar na praia do Cais do Sodré assim que escureceu. Várias dezenas de trabalhadores, à luz de archotes, meteram mãos à obra e deram início à construção de um bairro durante a noite. Poucos horas depois compareceu no local um funcionário judicial que, perante a falta de licença, mandou parar a obra, mas a resposta de D. Francisco de Sousa, homem rico e influente, provador dos vinhos da Casa Real, foi categórica: "A esta hora da noite não se fazem diligências..." E de manhã a rua de casas estava prontinha. Apesar de tudo, nesse tempo a justiça não era assim tão demorada a actuar como agora e logo de manhã o desembargador André Freire de Carvalho, vereador e chanceler do Senado da Câmara, acompanhado de alguns funcionários, foi ao local, tomou posse dos terrenos em nome da cidade de Lisboa e depois deixou que os populares do bairro deitassem abaixo toda a obra, levando para casa os materiais. D. Francisco de Sousa queixou- -se ao rei, que mandou abrir um inquérito, tendo o caso passado ao Tribunal da Relação, de cuja sentença não ficou memória. Vêm de longe, como se constata, as várias tropelias feitas pelos poderosos. Os métodos para as combater é que hoje são um pouco menos expeditos... Editor de opinião Escreve à quarta-feira

4 comentários:

Sérgio Lopes IVS 192 disse...

Natércia
Encontrei a crónica anterior.

Natércia Martins disse...

Boa Sérgio. És sempre O MESMO .
Obrigado em nome do meu irmão.
Amigo de sempre, bom fim de semana
Um abraço
Natercia

Antonio Garcez disse...

Espero que ràpidamente tenhamos entre nós, novamente, as crónicas do A. Mendes Nunes. Para ti desejos de rápidas melhoras.
Um grande abraço

Natércia Martins disse...

Falei mesmo agora com o meu irmão e não está pior, felizmente Deve ir trabalhar, não tarda. Ainda bem.
Obrigado a todos vocês que se têm interessado por ele.