quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A trapalhada do 5 de Outubro

Por António Mendes Nunes, Publicado em 06 de Outubro de 2010 no jornal i A implantação da República teve aspectos de caricatura que nos lembram as rábulas do Raul Solnado na Guerra de 1908. É interessante ler na História de Portugal de José Mattoso, o VI volume, da autoria de Rui Ramos, que cita abundantes depoimentos publicados nos jornais da época. Sem faltar ao respeito à História nem à memória dos que morreram e se bateram pelos seus ideais (que os houve de ambos os lados) houve trapalhada da grande. Do lado dos monárquicos, as chefias militares estavam ocupadas com as jantaradas que assinalavam a visita do presidente eleito do Brasil, marechal Hermes da Fonseca, chegado a Lisboa no dia 1 de Outubro. Do lado republicano a desorganização na preparação do golpe foi total e as mais distintas figuras ou foram marginalizados pelos operacionais, ou ficaram no conforto das suas casas. Foi o encarregado de negócios da Alemanha, que estava hospedado no Hotel Palace, nos Restauradores (entre os fogos dos dois principais contendores) que acabou, involuntariamente, com os combates. Telefonou para o Quartel-General, pedindo um cessar-fogo para que os civis estrangeiros pudessem ser evacuados para local seguro. Hasteou-se a bandeira branca que indicava as tréguas e o cidadão alemão subiu a Avenida empunhando um lençol atado no pau de uma vassoura, fazendo as vezes de bandeira branca para negociar com Machado dos Santos, que comandava as tropas na Rotunda. Ao verem isso, os monárquicos desmoralizaram e deram-se como derrotados, enquanto os revoltosos pensando que os outros haviam capitulado, acabaram por vir Avenida abaixo abraçar os seus opositores de uma hora atrás!

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