quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Bichos na cidade por António Mendes Nunes

Bichos na cidade

por António Mendes Nunes, Publicado em 22 de Setembro de 2010
COM A EPOPEIA dos Descobrimentos, a partir do século xv, Lisboa tornou-se ponto de chegada de coisas exóticas que a Europa olhava com espanto e cobiça. Entre essas novidades havia gentes de vestimentas e costumes estranhos e bichos grandes, feras que os escritores antigos haviam tornado lendas. Elefantes, onças, rinocerontes, leões, avestruzes e vários outros eram mostrados ao povo, que ficava abismado com o poder do seu soberano.
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Conta-se que terá sido D. Dinis o primeiro a exibir um animal feroz, um urso, no seu Paço de Frielas (hoje vagas ruínas no concelho de Loures). Pensa-se que D. João II já teria dois leões no paço da Alcáçova, no Castelo de S. Jorge (origem da Casa dos Leões, hoje restaurante), mas foi com D. Manuel que essa magnificência foi levada ao extremo. A "Crónica do Felicíssimo Rei Dom Manuel" (Damião de Góis, 1586) conta- -nos essas histórias fabulosas. Abrimos a boca de espanto, não só pela descrição das cobras de mais de 25 metros (40 côvados), mas de elefantes que sabiam escrever e outras maravilhas. Mais verídica é a descrição de um combate que o rei Venturoso mandou organizar num pátio do seu Paço da Ribeira entre um elefante e um rinoceronte, em Fevereiro de 1517. O elefante, muito jovem, assustou-se, arrancou com a tromba as grades de uma janela e fugiu, só parando no Paço dos Estaus, no Rossio. Esse foi o rinoceronte oferecido ao Papa Leão X, em Outubro, mas a nau em que seguia naufragou em Génova e o bicho morreu afogado. Esfolaram-no e encheram a pele com palha. Foi isso que o Papa viu, mas mesmo assim, segundo Damião de Góis, com muita atenção e espanto! Editor de opinião Escreve à quarta-feira

5 comentários:

Sérgio Lopes IVS 192 disse...

Sempre uma delícia ler-te, AntónioMN.

Abração,

Sérgio

Natércia Martins disse...

Já fazias falta.
A Maria José envia-te um abraço. Estive em Miranda e estivemos a ler algumas das tuas crónicas.
Gostou.

Antonio Garcez disse...

Quem sabe, sabe, e o Sergio sabe, realmente ficou com outra apresentação. Obrigado pelos conhecimentos que nos transmites.
Um abraço

Antonio Garcez disse...

E para ti, Mendes Nunes, obrigado pelas tuas crónicas. Também já tinha sentido a falta delas.
Um grande abraço

Sérgio Lopes IVS 192 disse...

Obrigado pelo elogio António Gracez. Mas realmente há alturas em que o Editor está maluco. Tenho de o enganar...