quinta-feira, 29 de julho de 2010
Antónia Moreno
por António Mendes Nunes, Publicado no jornal i em 28 de Julho de 2010
Antonia Gómez nasceu em Huesca, Espanha, na década de 1820. Em 1857, já como Antónia Moreno e alguma experiência como actriz, desagua em Lisboa. Instalou-se no n.o 61 da actual Rua da Misericórdia, num quarto do 1.o andar, onde funcionava um bordel de luxo. Antónia trabalhou como actriz, efectivamente, mas os seus objectivos eram outros: ganhar dinheiro, muito dinheiro. E conseguiu-o. Não teve necessidade de começar pelo princípio, como Emília Clara, a nossa biografada da semana passada. Antónia, que já tinha a lábia toda, atirou-se de cabeça e tratou de arranjar amantes ricos junto da aristocracia boémia, e sobretudo da burguesia muito endinheirada. O primeiro pato foi um sujeito de nome Vieira, armador de navios do tráfico de escravos. A Moreno apanhou-lhe tudo, incluindo uma quinta que o tanso tinha na Terrugem, no concelho de Sintra. Muitos outros se seguiram. Se é verdade que se meteu no negócio, nunca deu a cara. Com o dinheiro que foi ganhando tomou de trespasse o bordel da Rua da Misericórdia e depois comprou todo o prédio. Mandou vir de Espanha uma carrada de jovenzinhas de boa pinta, comprou mais uns prédios no Bairro Alto e instalou uma rede de "colégios" (nome que se dava aos bordéis de putas finas e novinhas) administrados por patroas da sua confiança. Por essa altura a Antónia já só andava em muito boas companhias. Em 1869 assinou o camarote n.o 47 do S. Carlos, deixado vago pela condessa de Edla (esposa morganática do rei D. Fernan- do II), que havia passado para o camarote até aí do conde de Farrobo. Fumava charutos vindos expressamente de Cuba e jantava regularmente com os rapazes dos clubes chiques de Lisboa, como aconteceu pela última vez em Junho de 1899, já muito gorda e na casa dos 70 anos, dois meses antes de morrer, vitimada por tifo.
Editor de opinião
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2 comentários:
Cá volto com mais uma das minhas rameiras de estimação. Tenho de deixar o tema, porque anda aí um movimento de senhoras muito católicas e amigas da boa moral a fazerem csmpanha contra mim!!!
Abraços a todos.
Outra grande história, AntónioMN. Até acredito que se esteja a formar uma campanha contra as tuas crónicas... Por serem boas demais e interessantíssimas, como é o caso vertente. Abração
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