quinta-feira, 8 de julho de 2010

Crónicas do AntónioMN

ESPECIALISTA HISTÓRIAS DE LISBOA

Bitoque sem ovo a cavalo

por António Mendes Nunes, Publicado em 07 de Julho de 2010
Um dos afamados retiros fora de portas da Lisboa queirosiana era o José dos Pacatos. A casa situava-se um pouco acima do que hoje é a Praça do Chile. Tão famoso quanto a tasca e o dono da tasca, de seu nome José Maria Pereira Caldas, era um criado da casa por alcunha o Bitoque, bronco mas boa pessoa e que não tinha tento na língua. Conta José Quitério em "O Livro de Bem Comer", que quando os clientes apertavam com ele por causa do atraso da comida, o Bitoque respondia: "Espere! Vá você buscá-la! Eu não sou seu criado, sou criado do meu patrão!".
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Um dia, Eça de Queirós, que lá por ser dandy não desprezava os bons petiscos de alguns retiros, levou lá o seu grande amigo e companheiro Fialho de Almeida. Como a sopa viesse fria, Fialho reclamou com o Bitoque, que calmamente mergulhou um dedo dentro do caldo que o escritor comia e exclamou sentencioso: "Não acho!". Como o Fialho também não era bom de assoar, a coisa esteve complicada. Depois, o escritor e o Bitoque acabaram por se tornar amigos.
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Não conseguimos descobrir a origem do nome do tal criado, mas tudo leva a crer que terá ficado imortalizado no pequeno bife que tantos anos depois se haveria de tornar prato corrente de tascas e restaurantes portugueses.
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Editor de opinião Escreve à quarta-feira

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