quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Pai Natal português nasceu em Lisboa
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Pedido
Sentado junto à lareira, com olhos fixos na chama, um menino de olhos esbugalhados, pensava no Natal.
Um dos irmãos ouviu na escola que o Pai Natal trazia presentes aos meninos que se portavam bem, que andava vestido de vermelho e um enorme saco às costas. As renas e o trenó paravam junto às chaminés e nunca se cansavam.
Então, ali ficou pensando que se tivesse sido bom menino, certamente teria o seu presente. Os irmãos brincavam e faziam barulho. A casa era pobre e tanto o Sol, no Verão, como o luar, em noite de lua cheia, entravam por entre as frestas das telhas.
E o menino olhava para as labaredas, no borralho, na esperança vã de um presente.
Na mesa não havia bolo-rei, rabanadas, filhós ou arroz doce.
Isso era para os ricos !
A comida era sempre pouca, e uma sardinha partida ao meio já era bom manjar.
O naco de broa comia-se devagar a “ fazer render” porque não havia mais.
E o menino olhava, olhava, e o Pai Natal que não chegava.
__ Eu quero uma bola, dizia a irmão.
__ Eu quero uma boneca, como que a dizia a irmãzita.
__ E tu ? Perguntou-lhe um dos irmãos, mas nem esperou pela resposta, correndo, como que a fugir da resposta, que nem ouviu.
E o menino ficou sentado na lareira, pensativo.
De vez em quando, vencido pelo sono, a cabecita deslizava para a frente. Mas ele teimava em ficar ali sentado. Queria ver e talvez falar com o Pai Natal.
Imaginava um homem velho, de barbas brancas, vestido de vermelho que carregava um grande saco cheio de sonhos. Sonhos de meninos ricos e pobres. Mas ele era pobre. De certeza que passava pela sua casa e nem olhava. Passaria à frente ?
A casa tinha pouca coisa. Uma mesa, bancos e a lareira, que com a chama dava calor e também luz.Algum conforto.
O pai trabalhava na fábrica. Os irmãos mais velhos iam suportando conforme podiam a falta da mãe que, com grava doença, morrera há já algum tempo.
A avó aparecia lá por casa de vez em quando. Arrumava e deixava comida feita. Ele, homem duro, trabalhador de fábrica no sector das máquinas pesadas, acarinhava como sabia e o gene humana, lhe permitia, os filhos. Casar, de novo, estava fora dos seus planos. Havia de se “ desenrascar”. E lá ia fazendo a sua vida.
Como era noite de Natal, atiçou a lareira um pouco mais com gravetos que trouxe do pinhal, propositadamente para aquela noite, ficando assim a arder pela noite dentro.
Olhou o filho sentado ao lume.
Estranhou. O menino não costumava ficar assim tão quieto.
Pegou-lhe ao colo. Um beijo, enquanto o filho lhe enlaçou o pescoço com os bracitos frágeis. Dos olhos do homem rude rolaram duas grossas lágrimas que se alojaram nas faces rosadas do filho.
__ Filho, o que foi ?
__ Gostava de ver o Pai Natal.
__ O Pai Natal só passa lá pela noite dentro. Vou por-te na cama.
__ Mas eu não quero dormir ....
__ Os teus irmãos já dormem !!
__ Não quero. Tenho que pedir uma coisa ao Pai Natal.
__ Diz-me o que queres .
O menino ficou calado. Olhou a chaminé, depois a porta e disse:
__ Eu quero a minha mãe !!!!
Natércia Martins
2009
domingo, 27 de dezembro de 2009
Boas Festas
Um Forte Abraço par o SAUL
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
O presépio da Estrela
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Grupo Desportivo Viação de Cernache
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Santa Apolónia
FOTO PARA TESTE
sábado, 19 de dezembro de 2009
Missa do Galo !
Como estamos em época de Natal aqui vai mais uma historia das minhas como prenda desta época, desejando mais uma vez um Santo e Feliz Natal.
Missa do Galo
Era noite de Natal.
Sentados à mesa, na sala de jantar, jantávamos todos juntos, como sempre fazíamos nas ocasiões especiais.
Da cozinha, chegava o cheiro dos fritos, acabadinhos de fazer: filhós de abóbora, rabanadas e broínhas. Azáfama a que eu era alheia. Era muito pequena ainda, portanto dispensada de certas lides caseiras. Ajudava a partir nozes e pinhões. Não tinha ainda competência para mais.
Perto do final do jantar a minha mãe declarou:
-- A Igreja é perto. A noite está linda, vamos à missa do Galo.
Eu, nunca tinha ouvido falar na missa do Galo. Missa do Galo ? De quem seria o galo ? O nosso ? Aquele grande que de manhã nos acordava com um cocorocó afinadinho, potente? Era lindo o galo. De penas amarelas e a crista bem vermelha. Era o rei da capoeira ! As galinhas gravitavam à sua volta, esgravatando e debicando.
De vez em quando e em assomos de “ D. Juan” arrastava a asa pelo chão, e dava meia volta perto de uma galinha mais bonita.
A missa do galo tinha-me deixado a pensar.
Vestimo- nos e lá fomos a caminho da Igreja. No adro ardia um madeiro enorme que os rapazes da aldeia transportaram à tarde, no carro de bois, trazido do pinhal. A chama vermelha elevava-se ao céu em línguas de fogo e fagulhas que o vento gelado fazia saltar provocando nas pessoas que se juntavam em volta, uns risinhos e algumas exclamações, não fossem ficar com a roupa estragada com um buraco.
Olhei em volta, ainda preocupada com o galo. Não! O galo não estava ali.
Os cânticos dentro do templo e já aquecidos pela chama forte da fogueira entoavam alegres, convidativos.
Entrámos e acomodámo-nos num dos bancos lá à frente, perto do presépio.
O Menino Jesus deitado na manjedoura entre S. José e Nossa Senhora, dormia sorrindo, no aconchego do bafo da mula e da vaquinha de barro. Lá ao fundo, no campanário da igrejinha, colocada entre um ramo de azevinho e bagas vermelhas, estava um galito pequeno, pintado de cores vivas.
A missa ia continuando em ritmo normal. Eu é que curiosa, procurava insistentemente onde estaria escondido o galo.
O galo da minha avó, não era porque gritou o seu conhecido canto, como a dizer:
-- Estou aqui, estou aqui !
Olhei para baixo dos bancos. Quem o teria trazido ? Estaria escondido dentro do xaile preto das mulheres que assistiam à missa e de vez em quando o aconchegavam. Só podia ser !
Esperei a ver o que acontecia. No meio da cerimónia uma senhora levantou-se do banco e dirigiu-se ao altar. Estremeci. Levaria ela, o galo ? E para quê ? Certamente que fugiria pela coxia de pedra, aflito. Mas não ! A senhora, calmamente leu uma passagem da Biblia em voz alta e pausadamente para todos os fiéis ouvirem. Chegou, leu e foi sentar-se novamente. Espreitei para baixo do altar. Nada ! Já estava a ficar ansiosa sem saber onde estaria o galo. A missa do Galo tinha que ter um Galo. Pois claro !
Em voz baixa perguntei ao meu irmão . Este respondeu-me com encolher de ombros. Também não sabia.
E o galo que não aparecia !
Final da missa. Depois da benção iniciou-se a cerimónia de beijar o Menino, que o Sr padre foi buscar ao presépio e que entretanto acordara.
Uma a uma as pessoas em fila, beijavam o pezinho sagrado, enrolado em toalha branca com renda em volta, na mão do sacerdote.
Chegou a minha vez. Olhei espantada para o Menino que me sorriu piscando o olhito maroto, como que a gozar comigo.
A mão da minha mãe, apertou a minha levando-me novamente para o banco.
Já fora da Igreja, a fogueira ardia com esplendor , nunca se apagando mesmo durante a noite, dando também calor a quem por ali ficou.
Chegados a casa, claro, a pergunta impunha-se:
-- Ó mãe, afinal onde está o galo ? Até agora não vi nenhum ! Não é o nosso, pois não ? Porque é que fomos à missa de um galo que não vi ?
Gargalhada geral !
--A fogueira era para assar o galo ?
A gargalhada foi ainda maior.
Então a minha avó sentou-me nos seus joelhos e contou:
-- Diz uma velha lenda que Jesus nasceu pela meia noite do dia 24 para 25 de Dezembro. Por essa mesma hora, portanto, meia noite, todos os galos nos galinheiros, cantaram ao mesmo tempo, várias vezes. Daí se chamar a Missa do Galo !
Natércia Martins
2009
Mnatercia@gmail.com
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
SAUL
domingo, 13 de dezembro de 2009
Recebi há uns dias este E-mail que coloco aqui
Courte lettre au Père Noël
Courte lettre au Père Noël
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Boas Festas
Caras(os) Colegas e Amigas(os),
Em boa hora inaugurámos o nosso blogue. Através dele reencontraram-se pessoas que não se viam e nada sabiam umas das outras há meio século ou mais. Não se enganem, são poucos os que contribuem, mas há muitos mais ex-colegas e professores que nos lêem em silêncio. E vão aparecendo as novas gerações que darão
continuação ao nosso blogue, quando a nossa hora chegar.
Valeu a pena, mesmo se com altos e baixos.
Permitam uma saudação especial ao nosso querido António Mendes Nunes e a todos os que porventura se encontrem doentes, com votos de rápida e completa recuperação.
É também um momento de reflexão por aqueles que lamentavelmente já nos deixaram e recordamos com saudade.
Com um grande abraço de muita amizade e estima.
Pela Administraçãosexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Dr. Gil Marçal
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
NATAL
domingo, 6 de dezembro de 2009
O Arnaldo
sábado, 5 de dezembro de 2009
A Cegonha
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Justiça expedita
HISTÓRIAS DE LISBOA
Justiça Expedita
por António Mendes Nunes, Publicado em 25 de Novembro de 2009
A antiga Praça dos Remolares passou a chamar-se, depois de 1834, de Duque da Terceira, mas ninguém a conhece por outro nome que não o do sítio que lhe fica ao lado: Cais do Sodré. Em Março de 1708, D. Francisco de Sousa, proprietário no local, embarcou na outra banda, em várias fragatas, grandes quantidades de tábuas, barrotes e telhas e fê-las descarregar na praia do Cais do Sodré assim que escureceu. Várias dezenas de trabalhadores, à luz de archotes, meteram mãos à obra e deram início à construção de um bairro durante a noite.
Poucos horas depois compareceu no local um funcionário judicial que, perante a falta de licença, mandou parar a obra, mas a resposta de D. Francisco de Sousa, homem rico e influente, provador dos vinhos da Casa Real, foi categórica: "A esta hora da noite não se fazem diligências..." E de manhã a rua de casas estava prontinha.
Apesar de tudo, nesse tempo a justiça não era assim tão demorada a actuar como agora e logo de manhã o desembargador André Freire de Carvalho, vereador e chanceler do Senado da Câmara, acompanhado de alguns funcionários, foi ao local, tomou posse dos terrenos em nome da cidade de Lisboa e depois deixou que os populares do bairro deitassem abaixo toda a obra, levando para casa os materiais.
D. Francisco de Sousa queixou- -se ao rei, que mandou abrir um inquérito, tendo o caso passado ao Tribunal da Relação, de cuja sentença não ficou memória.
Vêm de longe, como se constata, as várias tropelias feitas pelos poderosos. Os métodos para as combater é que hoje são um pouco menos expeditos...
Editor de opinião
Escreve à quarta-feira
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Verdi em Lisboa
Como saberão o nosso colega e Amigo antónio mendes nunes foi submetido a uma operação e ainda não está recuperado, razão porque me adianto a ele para publicar a sua habitual crónica:
ESPECIALISTA
Verdi em Lisboa
por António Mendes Nunes, Publicado em 02 de Dezembro de 2009 no jornal iOnline
Giuseppe Verdi poderia ter vindo para Portugal como maestro titular do Teatro Nacional de S. Carlos, corria o ano de 1838. E se tivesse vindo, teria tido a carreira fabulosa que acabou por desenvolver? Ter-lhe-ia proporcionado Lisboa inspiração que lhe permitiu escrever as óperas "Nabuco", "Aida", "Rigoletto", "O Trovador", "Traviata" e outras que o consolidaram como um dos mais famosos compositores de sempre?
O conde de Farrobo era um riquíssimo homem muito ligado às artes e à música. Tornou-se empresário do S. Carlos e resolveu contratar em Itália um director artístico. Os seus amigos do Teatro alla Scala de Milão indicaram-lhe dois candidatos, ambos jovens e promissores, um tal Verdi e um certo Frondoni. O primeiro acabara de ver a sua ópera de estreia no Scala, "Oberto", ser recebida com extrema frieza, seguindo-se um fiasco no mesmo teatro com o segundo trabalho, "Um giorno di Regno".
Farrobo decidiu-se por Frondoni, que tivera grande êxito com o bailado "Il Carrozino dà Vendere", igualmente no Scala de Milão.
Dois anos mais tarde e depois de umas farsas que não fizeram história, o Conde de Farrobo deixou o S. Carlos e Frondoni também. Dedicou-se ao ensino da dança, escreveu mais uma série de farsas sem grande colorido, escreveu o hino da Maria da Fonte e acabou a vida a fumar cachimbo e a beber copos com os amigos no Café Madrid, no Chiado.
E Verdi? Teve o seu primeiro estrondoso êxito em 1842 com Nabuco e nunca mais parou. O mundo conheceu um génio, Lisboa contentou-se com a mediocridade.
Fonte: http://www.ionline.pt/conteudo/35668-verdi-em-lisboa
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
O quarto dos brinquedos
Quando vou visitar os netos, durmo no quarto dos brinquedos.
Este fim de semana, fui lá. A casa é grande, situada num lugar calmo e com sol a entrar por todas as janelas.
Quando a noite cai todos dormem
A luz do candeeiro público ilumina tenuamente o quarto.
Adormeci.
Pela madrugada acordei e olhei em volta. Que grande animação !
Pois é .....
Os brinquedos saíram de dentro do grande caixote e andavam pela casa numa tremenda “ rebaldaria”.
Por baixo da minha cama um comboio de pilhas percorria os espaços livres com as luzes a piscar. De vez em quando, o pequeno maquinista, fazia soar a sirene. Nas carruagens sentavam-se todos os animais e bonecos, em perfeita harmonia: leões, peluches, gatinhos, cães, macacos e um elefante. E riam, e riam ....
O polícia de lata ia e vinha até à porta do quarto. Lá ao fundo, um dragão desenhado no tapete, sacudia-se todo, com as cócegas que o combóiozinho, lhe provocava à sua passagem.
Sentei-me na cama. Seria possível ?
E foi, então, que ouvi um choro fininho, sentido. Levantei-me. Espreitei e no fundo de uma caixa de papelão, mesmo lá no fundo, uma bonequinha de plástico sem uma perna. Era ela que chorava .
Olhou-me. Vi os seus olhos castanhos, cheios de lágrimas, implorar que a tirasse dali.
Curvei-me sobre o caixote. Estendeu-me sobre o caixote. Estendeu-me um braço. O outro também estava partido. Aninhou-se no meu colo e olhou em volta, admirada de tanto movimento.
Contou-me que fora presente de aniversário.
Vinha embrulhada em papel prateado com um laçarote em cima. Em cima da mesa viu o bolo com as velinhas de coloridas e e todos os familiares da menina, cantar os parabéns.
Andou de automóvel e de carrinho de bébé. Vestiu casacos de lã e calças de papel.
Apaixonou-se pelo palhacito de cabelo vermelho e boca pintada.
Ele também gostava dela. Passeavam de mão dada e trocavam beijos doces. Dormiam no fundo do caixote bem juntinhos.
Contavam segredos um ao outro e riam, e riam, felizes.
Um dia aconteceu o acidente. Alguém pisou, sem querer, a pequena boneca.
Sem uma perna e um braço partido, já não era bonita e foi posta de lado. Ficou no fundo do caixote dos brinquedos.
Todas as noites ouvia a animação que se fazia cá fora mas impotente nas suas deficiências, ali ficou esquecida.
O pior é que o palhacito, sua grande paixão, também se esqueceu dela.
Olhou em volta à procura. Mais algumas lágrimas caíram dos olhitos cansados da boneca. É que o bonequinho de boca pintada e cabelo vermelho, corria de mão dada com a bailarina. Esta, dançava em pontas, nos sapatos cor de rosa e folhos verdes, mostrando duas pernas perfeitas, indiferentes a mim e à minha amiga.
O comboiozinho lá andava às voltas reluzente e de luzes a piscar com os animais e bonecos nas carruagens.
Ela não parava de chorar. No seu coraçãozito de boneca, a mágoa e a raiva de ser trocada e esquecida.
__ Pensam que não tenho sentimentos. Põe a mão aqui no meu peito, disse-me ela.
Vês como bate ? É a emoção de voltar a ver os meus amigos com quem brinquei tanta vez. O meu palhacito ! Tenho saudades da menina a quem me deram de presente. O meu palhacito !
Foi bom votar a vê-lo! Que bom ! Podia dizer-lhe tantas coisas bonitas ! Não posso. Ele nem sequer me olha ! Mas foi bom !
A manhã começou a raiar. Lentamente os brinquedos voltaram aos seus lugares dentro do caixote.
Peguei na bonequinha e com muito cuidado coloquei-a numa estante no meio dos livros.
Manhã clara ! Um a um a filha, o genro e os netos iniciaram a sua lida sem se aperceberem que na calada da noite, enquanto se dorme, naquele quarto há alegria, festas e dramas.
Eu, quando me levantei, passei pela estante dos livros, a boneca sorriu como a dizer-me:
__ Obrigada por me teres dado a oportunidade de voltar a ver o meu palhacito, mais uma vez...
Natércia Martins