Do nosso blogue irmão "ex- alunos E.R.O" recebi via e-mail esta pérola assinada pelo nosso amigo JJ. O TINTIN deliciou-nos na juventude e contribuiu para a nossa formação, pelo que não posso deixar de reproduzir aqui no nosso blogue o trabalho do JJ. Nós temos entre os nossos participantes mais activos jornalistas profissionais e escritores inspirados(as) que bem podiam seguir o exemplo. O António Mendes Nunes, por exemplo, poderia dispensar uns minutos reproduzindo aqui os seus artigos no iOnline.pt, o João Facha alguns dos seus trabalhos na RTP. Fica o desafio...
TINTIN
TINTIN, por João Jales
As “histórias aos quadradinhos”, já aqui referidas no colorido texto do João Serra“Memória dos Livros”, constituíram para mim apenas uma etapa de passagem para a literatura e o gosto pela leitura.
Os livros do Tintin terão sido a excepção, incentivada pela minha família ao comprar-me os álbuns de Hergé na sua língua original (ainda hoje os tenho), tentando assim estimular que eu lesse em francês. Fizeram o mesmo mais tarde com o Astérix, em relação à minha irmã. Dez anos depois o Inglês começaria a tornar-se a língua universal, a língua francesa perderia a sua importância, a capital cultural do mundo deixaria de ser Paris e estes esforços perderiam o seu sentido…

Tintin nasceu em 1929 (faz este ano oitenta anos, embora não pareça) celebrizando-se numa visita à URSS nesse ano, relatada em “Les Aventures de Tintin, reporter du “ Petit Vingtième", au pays des Soviets”. O grafismo tosco, com o desenho a preto e branco, é bem diferente do usado pelo autor nas aventuras posteriores que todos recordamos. A polémica sobre o tom panfletário e anti-soviético deste livro fez com que ficasse anos por reeditar e eu só o lesse depois de todos os outros.
. “Tintin au Congo” foi publicado em Portugal pelo “Papagaio” (revista dirigida por Adolfo Simões Muller), sob o título “Tintin em Angola” com o texto adaptado e os desenhos coloridos por artistas nacionais. Foi a primeira tradução de um livro de Hergé e também a primeira vez que o autor viu os seus desenhos a cores; gostou tanto que passaram a ser todos assim. Consta que ver Milou transformado numa cadela cor-de-rosa chamada Rom-Rom não lhe agradou tanto… Ambas as versões motivaram polémica, devido a acusações de racismo e colonialismo, com o autor a defender-se alegando ter retratado apenas uma realidade existente.
“Tintin en Amérique”, de 1932, só seria autorizado nos EUA em 1973, depois de algumas adaptações e cedências a uma política editorial racista que exigiu a substituição de alguns personagens negros por brancos.
Fomos com Tintin à Lua, muitos anos antes da aposta americana na concretização desse sonho, e ao fundo do mar em busca do tesouro de Rakham, o Vermelho (que, em Portugal, foi rebaptizado Rakham, o Terrível...). À América do Sul, onde conhecemos estéreis questiúnculas e cruéis ditadores, em retratos injustamente acusados de reaccionários, quando se limitavam a ser impiedosamente cínicos e realistas… Ao Médio Oriente, adivinhando já os problemas da dependência ocidental do petróleo, à Sildávia eBordúria, inventados por Hergé para mostrar os conflitos latentes na Europa Central e nos Balcãs, à Índia e à China, onde conhecemos o tráfico de drogas. Tentei situar geograficamente as vinte e quatro aventuras na lista que acompanha este post, espero que os “especialistas” a corrijam e aumentem.
Tintin nunca visitou Portugal, mas o vendedor ambulante português Oliveira da Figueira aparece em vários livros (não recordo exactamente quais), impingindo ao nosso herói montes de inutilidades, enquanto ele se gabava a Milou de não se deixar levar pela conversa do vendedor! . Lembro-me de me deixar seduzir pelo muito jovem “jornalista”, de idade indefinida, porque me dava a certeza que as aventuras me esperavam também a mim, amanhã, ao virar da esquina… Por outro lado era enorme o apelo e o fascínio por lugares exóticos, e a facilidade com que Tintin os calcorreava, numa altura da minha vida em que uma viagem anual a Trás-os-Montes ou ao Algarve era uma odisseia! Por ainda hoje me lembrar de tudo isto quis trazer aqui Tintin, Milou, Haddoc, Tournesol, Castafiore, Dupont e Dupond (que não são gémeos, como os nomes bem mostram) e tutti quanti nos álbuns de George Remi (R.G.) encheram de humor e aventuras a minha juventude.
.
Tintin Au Pays des Soviets (Tintim no País dos Sovietes) 1930
Bélgica,Alemanha,União Soviética
Tintin au Congo (Tintim na África ou Tintim no Congo) 1931
Congo Belga
Tintin en Amérique (Tintim na América) 1932
EUA (Chicago)
Les cigares du pharaon (Os Charutos do Faraó) 1934
Egipto,Médio Oriente,Índia
Le lotus bleu (O Lótus Azul) 1936
Índia,China
L'oreille cassée (O Ídolo Roubado ou A Orelha Quebrada) 1937
Bélgica,San Theodoros,Nuevo Rico
L'île noire (A Ilha Negra) 1938
Inglaterra, Escócia
Le sceptre d'Ottokar (O Ceptro de Ottokar ou O Cetro de Ottokar) 1939
Bélgica,Sildávia
Le crabe aux pinces d'or (O Caranguejo das Tenazes de Ouro ou O Caranguejo das Pinças de Ouro) 1941
Bélgica,Marrocos
L'étoile mysterieuse (A Estrela Misteriosa) 1942
Bélgica,Islândia,Árctico
Le secret de la Licorne (O Segredo do Licorne ou O Segredo do Unicórnio) 1943
Bélgica
Le trésor de Rackham le Rouge (O Tesouro de Rackham o Terrível ou O Tesouro de Rackham o Vermelho) 1944
Bélgica,Oceano Atlântico,Caraíbas
Les sept boules de cristal (As Sete Bolas de Cristal) 1948
Bélgica,França
Le temple du Soleil (O Templo do Sol) 1949
Peru
Tintin au pays de l'or noir (Tintim no País do Ouro Negro) 1950
Bélgica,Khemed
Objectif Lune (Rumo à Lua ou Objectivo Lua) 1953
Lua,Sildávia
On a marché sur la Lune (Explorando a Lua ou Pisando a Lua) 1954
Lua,Sildávia
L'affaire Tournesol (O Caso Girassol) 1956
Bélgica,Suiça,Bordúria
Coke en Stock (Perdidos no Mar ou Carvão no Porão) 1958
Bélgica,Médio Oriente,Mar Vermelho
Tintin au Tibet (Tintim no Tibete) 1960
França,India,Nepal,Tibete
Les Bijoux de la Castafiore (As Jóias de Castafiore) 1963
Castelo de Moulinsart (França)
Vol 714 pour Sydney (Vôo 714 para Sydney) 1968
Indonésia
Tintin et les Picaros (Tintim e os Tímpanos ou Tintim e os Pícaros) 1976
San Teodoro
Tintin et l'Alph-Art (Tintim e a Alph-Art) 1986 (incompleto)
Bélgica, Itália

Sem comentários:
Enviar um comentário