Festa de estalo

Em Setembro de 1968, e com pouco tempo de intervalo, Lisboa assistiu a duas festas fantásticas com bailes muito bem frequentados que ficaram na história. Na Quinta Patiño, em Alcoitão, do magnata do estanho boliviano Antenor Patiño, e na Quinta do Vinagre, em Colares, de Pierre Schlumberger, estiveram princesas e príncipes, magnatas da indústria, reis sem coroa e artistas de Hollywood. Destas festas, que parece terem corrido genericamente muito bem, daremos conta em futura crónica. Já menos bem terá corrido um outro baile, realizado 86 anos antes, em honra de Afonso XII de Espanha, no palácio de José Maria Eugénio de Almeida, a S. Sebastião da Pedreira, actual Quartel-General da Região Militar de Lisboa. Aliás, o baile não correu bem, nem mal, foi uma completa desgraça.A festa oferecida pela Associação Comercial de Lisboa por ocasião da visita de Afonso XII e de sua mulher a rainha Maria Cristina à capital portuguesa em 1882 "foi uma vergonha para Lisboa", conforme dá conta a revista "Ocidente", n.º 111, de 21 de Janeiro de 1882. Alguns convidados foram mal escolhidos e tudo acabou num forrobodó de má educação. Conta D. Thomaz de Mello Breyner, no seu livro "Memórias", que na ceia não faltaram insultos, empurrões, ameaças, croquetes pelo ar e perus pelo chão, gente a beber pelas garrafas, copos e pratos partidos, muitas bebedeiras, desordens e vários roubos de carteiras e outros bens. Até sua alteza real Afonso XII, o homenageado, ficou sem o sobretudo! Publicado no jornal i em 30 de Setembro de 2009