quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pai Natal português nasceu em Lisboa

Numa reportagem publicada há dias no jornal i podia perceber-se que o costume de comemorar o Natal com a árvore em vez do presépio e com os presentes a serem dados pelo Pai Natal em vez de ser o Menino Jesus a fazê-lo não tem, em Portugal, mais de 50 ou 60 anos. Sendo um costume importado dos países nórdicos e anglo-saxónicos, porque é que a árvore de Natal substitui tão depressa o tradicional Presépio? Não custa adivinhar. É mais fácil de fazer, tem um efeito feérico maior e liga-se mais à época de consumismo em que a quadra se transformou. Se todos os que têm mais de 60 anos se recordam de, na sua meninice, não estar esse costume muito divulgado, diga-se que a sua chegada deu-se antes de meados do século XIX. Quem, pela primeira vez se terá vestido de Pai Natal para entregar presentes aos filhos foi Dom Fernando de Saxe-Coburgo Gotha, que passou à história como D. Fernando II, marido da rainha D. Maria II. Essa lembrança trouxe-a D. Fernando da sua Eslováquia natal e das cortes austríacas e alemã. Na noite de Natal, no Palácio das Necessidades, vestia um largo capote com capuz e enormes bolsos e transportava neles os brinquedos. Na colecção do Palácio da Ajuda há um desenho a água-forte, datado de 1848, executado pelo próprio D. Fernando II, em que se vê, em traje de Pai Natal, a distribuir os brinquedos pelos seus filhos D. Pedro, D. Luís, D. Maria Ana, D. João, D. Antónia, D. Fernando e D. Augusto, que parecem muito divertidos com a brincadeira. Assim se pode dizer que o Pai Natal português nasceu em Lisboa. Por António Mendes Nunes, editor de Opinião, publicado no jornal i em 30 de Dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pedido

Sentado junto à lareira, com olhos fixos na chama, um menino de olhos esbugalhados, pensava no Natal.

Um dos irmãos ouviu na escola que o Pai Natal trazia presentes aos meninos que se portavam bem, que andava vestido de vermelho e um enorme saco às costas. As renas e o trenó paravam junto às chaminés e nunca se cansavam.

Então, ali ficou pensando que se tivesse sido bom menino, certamente teria o seu presente. Os irmãos brincavam e faziam barulho. A casa era pobre e tanto o Sol, no Verão, como o luar, em noite de lua cheia, entravam por entre as frestas das telhas.

E o menino olhava para as labaredas, no borralho, na esperança vã de um presente.

Na mesa não havia bolo-rei, rabanadas, filhós ou arroz doce.

Isso era para os ricos !

A comida era sempre pouca, e uma sardinha partida ao meio já era bom manjar.

O naco de broa comia-se devagar a “ fazer render” porque não havia mais.

E o menino olhava, olhava, e o Pai Natal que não chegava.

__ Eu quero uma bola, dizia a irmão.

__ Eu quero uma boneca, como que a dizia a irmãzita.

__ E tu ? Perguntou-lhe um dos irmãos, mas nem esperou pela resposta, correndo, como que a fugir da resposta, que nem ouviu.

E o menino ficou sentado na lareira, pensativo.

De vez em quando, vencido pelo sono, a cabecita deslizava para a frente. Mas ele teimava em ficar ali sentado. Queria ver e talvez falar com o Pai Natal.

Imaginava um homem velho, de barbas brancas, vestido de vermelho que carregava um grande saco cheio de sonhos. Sonhos de meninos ricos e pobres. Mas ele era pobre. De certeza que passava pela sua casa e nem olhava. Passaria à frente ?

A casa tinha pouca coisa. Uma mesa, bancos e a lareira, que com a chama dava calor e também luz.Algum conforto.

O pai trabalhava na fábrica. Os irmãos mais velhos iam suportando conforme podiam a falta da mãe que, com grava doença, morrera há já algum tempo.

A avó aparecia lá por casa de vez em quando. Arrumava e deixava comida feita. Ele, homem duro, trabalhador de fábrica no sector das máquinas pesadas, acarinhava como sabia e o gene humana, lhe permitia, os filhos. Casar, de novo, estava fora dos seus planos. Havia de se “ desenrascar”. E lá ia fazendo a sua vida.

Como era noite de Natal, atiçou a lareira um pouco mais com gravetos que trouxe do pinhal, propositadamente para aquela noite, ficando assim a arder pela noite dentro.

Olhou o filho sentado ao lume.

Estranhou. O menino não costumava ficar assim tão quieto.

Pegou-lhe ao colo. Um beijo, enquanto o filho lhe enlaçou o pescoço com os bracitos frágeis. Dos olhos do homem rude rolaram duas grossas lágrimas que se alojaram nas faces rosadas do filho.

__ Filho, o que foi ?

__ Gostava de ver o Pai Natal.

__ O Pai Natal só passa lá pela noite dentro. Vou por-te na cama.

__ Mas eu não quero dormir ....

__ Os teus irmãos já dormem !!

__ Não quero. Tenho que pedir uma coisa ao Pai Natal.

__ Diz-me o que queres .

O menino ficou calado. Olhou a chaminé, depois a porta e disse:

__ Eu quero a minha mãe !!!!

Natércia Martins

2009

domingo, 27 de dezembro de 2009

Boas Festas

A todos os Colegas, Professores e Amigos Um Grande Abraço de Boas Festas com votos de um Novo Ano repleto de Saúde Paz e Amor. António Fabre

Um Forte Abraço par o SAUL

Amigo Saul Esta mensagem é especial para Ti Os anos que nos separam não conseguem separar os Amigos. Gostei de saber que fazes parte parte deste grupo dos vivos. Um grande abraço Saul e votos de um bom Ano Novo António Fabre

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O presépio da Estrela

Os festejos de Natal assinalando o nascimento de Jesus iniciaram-se apenas por volta do ano 340. Até aí a festa não constava no calendário cristão, mas já existiam há mais de um milénio umas festividades pagãs que foram passando de cultura em cultura e de religião em religião e que, perdendo-se na noite dos tempos comemoravam a chegada do solstício de Inverno. No império romano tinham o nome de saturnálias e desenrolavam-nas em honra do deus Saturno, havendo relatos de ser já uma época de festejos e troca de presentes. E foi na tentativa de cristianizar essas festas de forte enraizamento popular que a igreja fez coincidir a data com o nascimento de Cristo. E quanto ao presépio, um dos símbolos mais chegados a esta data? Conta-se que foi S. Francisco de Assis quem teve a ideia de montar uma representação ao vivo, numa mata, com uma imagem do Menino Jesus, da Virgem e de S. José, a que juntou um burro e uma vaca, ao vivo, celebrando nesse cenário uma missa de Natal, em 1223. No século XVI, o Renascimento recuperou esse quadro e a imaginação popular foi acrescentando outros elementos. Há notícia da existência de dois ou três presépios em Portugal já no século XVI, mas apenas se divulgaram em força no século XVIII. Bom e o que é que Lisboa tem a ver com tudo isto? Muito. Aquele que é considerado o mais belo presépio português está na Basílica da Estrela, executado na oficina de Mestre Machado de Castro, por volta de 1782. Já foram cerca de 600 figuras de terracota pintada. Hoje são à roda de 400, umas perdidas, outras partidas e várias roubadas. Esta obra tem ainda a particularidade de representar, pela primeira vez entre nós, os Reis Magos substituindo os pastores como os portadores dos presentes para o Menino Jesus. por António Mendes Nunes, Publicado em 23 de Dezembro de 2009 no jornal i

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Grupo Desportivo Viação de Cernache

Nota do Sérgio: Usando do privilégio de administrador, aqui vai uma adenda à foto, recebida do António Gracez:
De pé e da direita para a esquerda:
Victor, Marques, Evaristo, ??, Chico, Artur e Brilhante.
Em baixo: 3 pés, Amâncio, Saul, ??, e Castanheira.
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Tenho passado horas dos meus serões á conversa com o Saul e a trocar fotografias do tempo em ele era jovem e jogava futebol em Cernache. Tem sido uma emoção enorme falar com ele e ve-lo através do messenger com camara de video, ele está a 6.400 kms de nós.
Vou colocar esta foto da equipa de futebol (não posso precisar o ano), eu consegui identificar quase todos os elementos e deixo aqui um desafio aos colegas para que tentem fazer essa identificação.
Esta deve ser a ultima vez que entro no blog este ano. Gostaria de deixar aqui um apelo aos nossos colegas que " espreitam " o blog. Não tenham vergonha de entrar, critiquem se for o caso, mas entrem e partilhem com todos nós tudo o que possuem relacionado com o IVS. Eu sei que, embora não entrem, ficam emocionados quando recordam a nossa passagem por aquele colégio que infelizmente já morreu, mas que está bem vivo na memória de todos nós e que, recordar os tempos em que Cernache era um alfobre de gente que ao longo da vida pôs em prática os ensinamentos adquiridos naquela escola, é dar-lhe ainda um pouco de vida.
Esta é a minha modesta mensagem de Natal. Por mim, obrigado por todas as emoções.
FELIZ NATAL

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Santa Apolónia

A estação de Santa Apolónia apenas existe desde 1865, quando o edifício foi inaugurado, nove anos depois de se ter efectuado a primeira viagem de comboio entre Lisboa e o Carregado e 20 anos depois de Costa Cabral, primeiro-ministro de D. Maria II, ter arrancado com os estudos para esse novo meio de transporte. Desde 1856 até 1865 serviu como terminal de passageiros o pequeno convento de Santa Apolónia, hoje integrado no enorme complexo, mas cujo portal da igreja ainda se pode ver na fachada virada para a Rua de Santa Apolónia. Todos aqueles terrenos ribeirinhos eram chamados "de praia". Não havia passagem para norte e Lisboa acabava ali. Lá ficava o Cais do Tojo, onde os barcos vindos da outra banda descarregavam o mato roçado nas charnecas da Aldeia Galega (hoje Montijo) e que acendia fornos e fogões das casas lisboetas. Perto desse cais do Tojo se enforcaram, durante muitos anos, os mais pobres condenados, até na hora da morte sem o direito a espectáculo mais composto, como o tinham os mais favorecidos pela sorte, que eram executados em lugares centrais, como na actual Praça da Alegria ou no Campo de Santa Clara. O caminho-de-ferro transformou toda a zona e a chamada "Praia dos Algarves" transformou-se no largo fronteiro ao edifício da estação. Durante muitos anos, a Estação de Santa Apolónia manteve-se escura, feia e fria, como no-la descreve Eça de Queirós em "A Correspondência de Fradique Mendes". Mais de cem anos depois lá a modernizaram, apresentando-se agora um pouco mais humana, mais acolhedora, mais prática. Por António Mendes Nunes,Editor de opinião. Publicado no jornal i em 09 de Dezembro de 2009