quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Teatros do Bairro Alto

É no Teatro do Bairro Alto, na rua Tenente Raul Cascais, que a Cornucópia, uma das mais prestigiadas companhias teatrais portuguesas, tem a sua sede. Fundada em 1973 por Jorge Silva Melo e Luís Miguel Cintra, então dois jovens oriundos do teatro universitário. A companhia só conheceu sede própria depois de 1975, ocupando as instalações do até aí Centro de Amadores de Ballet. Porquê Teatro do Bairro Alto? Creio que é uma homenagem e a continuação da memória de quatro casas de espectáculos que desde o século XVIII existiram na zona. O primeiro terá iniciado funções em 1733, existindo até ao Terramoto de 1755 e foi chamado de “Casa dos Bonecos”, por lá se representarem peças com marionetas, como então estava na moda. Foi aí que os alfacinhas de “capote e faceira”, mais do que provavelmente de cabeleira empoada puderam deliciar-se com as óperas de António José da Silva, o “Judeu”, que acabaria os seus dias assassinado pela Santa Inquisição num gigantesco auto de fé levado a cabo no Rossio, em Outubro de 1739. Outro teatro do Bairro Alto foi a Academia da Trindade (numa sala do palácio dos Monteiros Pains, no local onde hoje está o Teatro da Trindade), que com o anterior co-existiu. Os outros dois foram a Ópera do Pátio do Conde de Soure (Páteo do Conde Soure, à rua da Rosa), que se sabe ter dado espectáculos 1760 a 1771 e onde cantou Luísa Todi e, finalmente, o Teatro do Pátio do Patriarca ou de S.Roque (nas proximidades do actual largo Rafael Bordalo Pinheiro, mais conhecido por largo da Misericórdia), que durou de 1812 a 1835. Publicado em 5 de Janeiro no jornal i por António Mendes Nunes

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