por António Mendes Nunes, Publicado em 23 de Março de 2011
No início de 1514, aí por Janeiro ou Fevereiro, começaram a abrir- -se as ruas e a demarcar-se os lotes que dariam origem à Vila Nova de Andrade (do nome do proprietário do terreno, a Herdade de Santa Catarina), que não muito tempo depois se passou a chamar Bairro Alto de São Roque. Muitas das ruas que hoje conhecemos mantêm o nome original, casos das ruas do Norte, das Flores (das Froles, se dizia então), da Barroca, da Rosa, das Gáveas, da Atalaia, e ainda outras. Mas o bairro não nasceu todo de uma vez, nada disso. Lá em cima, a parte que pega com os Moinhos de Vento (hoje Rua D. Pedro V e prédios adjacentes) foi cemitério dos mortos de uma peste grande, por carta datada de 1523, como ordenava D. João III, recolhido aos ares mais puros de Almeirim. Mais tarde, em 1555, poucos anos depois de se terem instalado em Portugal (com a primeira casa situada na Lisboa Oriental), os jesuítas mudaram-se também para o Bairro Alto, construindo uma pequena capela no local onde hoje se situa uma das capelas laterais de S. Roque.
Foi talvez a presença próxima dos padres da Companhia que tornou aquele lugar, até aí de olivais, tão apetecido. A ocupação inicial foi de gentes do mar, não propriamente de humildes marinheiros, mas sim de fidalgos navegadores e de mestres, que foram obrigados a construir casa de alvenaria nos três anos seguintes ao aforamento do terreno. Nasceu assim um bairro de ruas ordenadas, ares lavados e sítios amenizados pela sombra das árvores e pelo perfume das flores dos jardins. O Bairro Alto que hoje vemos é igualzinho ao de há 400 anos no xadrez das suas ruas, mas não na concentração de casas. Os quintais e os jardins foram sendo desmantelados para dar lugar a prédios e mais prédios.
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