por António Mendes Nunes, Publicado em 02 de Fevereiro de 2011
D. JORGE Torlades O''Neill foi um excêntrico lisboeta, altamente respeitado, amigo pessoal de D. Fernando II (marido de D. Maria II) e de D. Luís, de quem seu irmão Henrique O''Neill fora preceptor e professor de português e línguas clássicas. Nasceu em 1817 e morreu em 1890 na sua quinta do Pinheiro (mais ou menos na zona onde hoje está o Instituto Português de Oncologia). Os O''Neill vieram para Portugal cerca de 1720, quando Shane O''Neill fugiu da Irlanda com a família e, por motivos políticos, se refugiou em Lisboa. Jorge O''Neill geria os negócios da família, que detinha uma importante casa comercial na Rua das Flores, era poliglota, cônsul da Dinamarca e da Grécia em Portugal, sabia profundamente de música, era um atirador fabuloso à pistola e esgrimia soberbamente quer com o florete, espada ou sabre. O seu quarto era um ginásio enorme, com aparelhos por todo o lado que utilizava diariamente, praticava esgrima com um criado treinado para isso e, ao fundo, tinha uma enorme banheira que usava depois dos exercícios. As ordens na casa eram sempre dadas por si com toques de clarim e com a criadagem da casa e da quinta formou uma companhia de bombeiros privada, levando a cabo simulacros regulares, até ao dia em que houve mesmo um incêndio a sério e a casa ardeu, tendo Jorge O''Neill saltado de uma janela, partindo as pernas. Mas a excentricidade máxima era um cinto especial que nunca largava, com bolsas onde guardava tudo o que se possa imaginar, desde pistolas e balas, a medicamentos para feridas, dinheiro, comida e uma muda de roupa interior. Medo de ter de fugir subitamente, como acontecera ao seu bisavô? Ele nunca o explicou.
Editor de opinião
Escreve à quarta-feira
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