terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Santa Apolónia
A estação de Santa Apolónia apenas existe desde 1865, quando o edifício foi inaugurado, nove anos depois de se ter efectuado a primeira viagem de comboio entre Lisboa e o Carregado e 20 anos depois de Costa Cabral, primeiro-ministro de D. Maria II, ter arrancado com os estudos para esse novo meio de transporte. Desde 1856 até 1865 serviu como terminal de passageiros o pequeno convento de Santa Apolónia, hoje integrado no enorme complexo, mas cujo portal da igreja ainda se pode ver na fachada virada para a Rua de Santa Apolónia.
Todos aqueles terrenos ribeirinhos eram chamados "de praia". Não havia passagem para norte e Lisboa acabava ali.
Lá ficava o Cais do Tojo, onde os barcos vindos da outra banda descarregavam o mato roçado nas charnecas da Aldeia Galega (hoje Montijo) e que acendia fornos e fogões das casas lisboetas. Perto desse cais do Tojo se enforcaram, durante muitos anos, os mais pobres condenados, até na hora da morte sem o direito a espectáculo mais composto, como o tinham os mais favorecidos pela sorte, que eram executados em lugares centrais, como na actual Praça da Alegria ou no Campo de Santa Clara.
O caminho-de-ferro transformou toda a zona e a chamada "Praia dos Algarves" transformou-se no largo fronteiro ao edifício da estação. Durante muitos anos, a Estação de Santa Apolónia manteve-se escura, feia e fria, como no-la descreve Eça de Queirós em "A Correspondência de Fradique Mendes". Mais de cem anos depois lá a modernizaram, apresentando-se agora um pouco mais humana, mais acolhedora, mais prática.
Por António Mendes Nunes,Editor de opinião. Publicado no jornal i em 09 de Dezembro de 2009
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3 comentários:
A caminho de uma recuperação que já tardava, cá volto com as minhas crónicas sobre Lisboa. Por isso peço desculpa, já que tenho a sensação que incomodo mais do que agrado. Afinal quem se interessa por velharias? Historiadores e jornalistas, classes meio misantropas, às quais pertenço.
António M.N., o 14 dos tempos do IVS
Que bom voltar a ver-te por aqui, António!
Votos de que consolides depressa essa recuperação.
Não faço ideia donde "sacaste" essa noção de que incomodas mais do que agradas. Falo por mim, mas que aprendo sempre qualquer coisas das tuas crónicas, certamente aprendo.
Grande abraço.
Que bom voltar a ter "o 14 dos tempos do IVS" entre nós, principalmente pela razão que te levou a essa ausência. Deseto-te uma rápida recuperação e que continus a dar-nos essas "velharias".Eu mesmo vivo rodeado de recordações aqui em minha casa no Cartaxo.Estou como diz o Sergio, não sei onde forte buscar essa opinião.
Um grande abraço para ti e rápidíssima recuperação.
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