As duas portas do meio é onde trabalham os dois irmaos Pivetas.
No meu Blog (cicla "Andar por cá ") há uma história semi-verdadeira do Pivetas velho e o meu pai Chama-se "As botas do meu pai".
Ontem quando tirei estas fotografias, passei em frente das respectivas portas Olhei lá para dentro, mas tive vergonha ( eu sou muito envergonhada ) de pedir para os fotografar.Eles olharam, mas eu fui embora
Teria sido um bom depoimento. Mas está perdoada, o Facha é que deu em repórter da RTP, tu deste em professora envergonhada, como era há 50 anos! Por que pensas que ando a procura do Facha?
Mais uma coisa em comum, excepto na "pirataria", que essa foi a tua vocação... Foi na Rádio Condestável? A Condestável foi pirata durante algum tempo.
Em Cape Town e Joanesburgo também trabalhei no programa em língua portuguesa da South African Radio Corporation (SABC), ainda estudante-trabalhador para complementar a mesada do pai. Fiz teatro radiofónico e participei no programa ao vivo Conversa à Meda do Café. Ganhava 10 rands (cerca de $10) à hora, o que ao tempo era uma pequena fortuna... O programa tinha por alvo ouvintes das ex-colónias portuguesas e, sobretudo, os nossos combatentes em Angola e Moçambique. Era muito apreciado e choviam dezenas de cartas por dia.
Mas o pormenor engraçado é este. Um dia vi um anúncio da SABC no Cape Times a pedir um locutor de língua portuguesa. Concorri e marcaram-me uma audiência, num dia diabólico de chuva torrencial. Cheguei com a gabardina, cara, cabelos, sapatos e a alma ensopados. A alma, note-se, por que nunca tinha feito um teste profissional ao microfone. Ia aterrorizado pelo meu descaramento. Quando entrei na SABC em CapeTown, estavam um senhor à minha espera que me disse logo que eu estava atrasado e ia perder o horário do teste. Levou-me a correr para o estúdio - eu nunca tinha entrado num estúdio! - Fechou-me a porta, correu para a sala de controlo. Nem me deu tempo a tirar a gabardina! Sentei-me todo ensopado e a transpirar por que o estúdio estava sobre aquecido e eu de gabardine! Da sala de controlo o senhor apontou-me algo na parede, olhei e vi uma luz encarnada que, de repente virou verde; o senhor apontou-me para a mesa onde havia um dossiê e fez-me aquele sinal característico com o dedo da mão que quer dizer anda ou começa. Deduzi que a luz verde era para andar e o dedo queria dizer lê. Abri o dossiê e comecei a ler. Enquanto estava a ler, abre-se a porta e um outro senhor entregou-me um telegrama. Percebi, era uma notícia de última hora, eu devia interromper o que estava a ler e dizer "acabam de entregar-me esta notícia de última hora" e lê-la. Nunca esqueci, o telegrama era uma notícia desse dia, lida num estúdio ao lado ao vivo, sobre a situação na ex-Rodésia do sul, o então Tanganica e Zanzibar (hoje unidos na Zâmbia). Quando cheguei ao nome do presidente Julius Kambarage Nyerere simplesmente não fui capaz de pronunciá-lo, fiquei totalmente amnésico! Lá se foi o emprego!
Dois anos depois, já em Joanesburgo, uma amiga minha, locutora portuguesa da mesma SABC, a quem por vergonha nunca contara a história, convida-me para ir assistir à gravação de uma peça de teatro radiofónico nos estúdios da SABC, na qual ela desempenhava o papel principal. Por curiosidade - e também por que ela era daquela família de apelido Boa-Todos-os-Dias, e dava sinais de que eu era "papável" - fui. Faltou o figurão que fazia o barulho das pessoas a andar e as portas a abrir, fechar e bater. A minha amiga sugeriu à produção que eu era capaz de fazer o trabalho, levara-me para dentro do estúdio, fizeram-me um briefing apressado e eu lá desempenhei o papel invisível, caminhando sobre o trilho de pedra solta, batendo, abrindo ou fechando a porta quando instado pela produção. Daí a dias fui convidado para um pequeno papel com umas 10 palavras, era o teste não anunciado. Gostaram da minha voz e assim fiquei para voos mais altos. Não entrei na rádio pela porta grande, entrei pela porta do cavalo.
Se ainda não vos ocorreu, esta historieta tem antecedentes no IVS, uma vez que começou no palco do ginásio cuja foto a Natércia publicou. A experiência dar-me-ia dividendos pela vida fora, quando fui chamado a fazer milhentas palestras, apresentações, entrevistas e conferências. O IVS esteve sempre presente!
Está bem, seus curiosos! de "papável" fui promovido a "papado" e mais não digo...
Não foi em Cernache que fiz rádio. Foi na Caraoinheira e depois em Condeixa. Fiz um programa sobre crianças e um outro com um colega de profissão que se chamava " dois dedos de conversa " Falávamos de microfone aberto, de tudo o que nos apetecia, como se estivessemos na mesa do café da esquina Ao mesmo tempo fiz discos pedidos.
6 comentários:
As horas que eu passei ali a ouvir o Pivetas! Até mesmo quando o tempo era pouco, uma paragem no Pivetas era para não deixar passar.
E o barbeiro não era logo a seguir, em direcção ao Cipriano?
Ontem quando tirei estas fotografias, passei em frente das respectivas portas Olhei lá para dentro, mas tive vergonha ( eu sou muito envergonhada ) de pedir para os fotografar.Eles olharam, mas eu fui embora
Teria sido um bom depoimento. Mas está perdoada, o Facha é que deu em repórter da RTP, tu deste em professora envergonhada, como era há 50 anos! Por que pensas que ando a procura do Facha?
Apesar de não ser repórter fiz locução de rádio (pirata, só podia ser ) durante cerca de 10 anos. E não é que tinha audiência ? ......
Mais uma coisa em comum, excepto na "pirataria", que essa foi a tua vocação... Foi na Rádio Condestável? A Condestável foi pirata durante algum tempo.
Em Cape Town e Joanesburgo também trabalhei no programa em língua portuguesa da South African Radio Corporation (SABC), ainda estudante-trabalhador para complementar a mesada do pai. Fiz teatro radiofónico e participei no programa ao vivo Conversa à Meda do Café. Ganhava 10 rands (cerca de $10) à hora, o que ao tempo era uma pequena fortuna... O programa tinha por alvo ouvintes das ex-colónias portuguesas e, sobretudo, os nossos combatentes em Angola e Moçambique. Era muito apreciado e choviam dezenas de cartas por dia.
Mas o pormenor engraçado é este. Um dia vi um anúncio da SABC no Cape Times a pedir um locutor de língua portuguesa. Concorri e marcaram-me uma audiência, num dia diabólico de chuva torrencial. Cheguei com a gabardina, cara, cabelos, sapatos e a alma ensopados. A alma, note-se, por que nunca tinha feito um teste profissional ao microfone. Ia aterrorizado pelo meu descaramento. Quando entrei na SABC em CapeTown, estavam um senhor à minha espera que me disse logo que eu estava atrasado e ia perder o horário do teste. Levou-me a correr para o estúdio - eu nunca tinha entrado num estúdio! - Fechou-me a porta, correu para a sala de controlo. Nem me deu tempo a tirar a gabardina! Sentei-me todo ensopado e a transpirar por que o estúdio estava sobre aquecido e eu de gabardine! Da sala de controlo o senhor apontou-me algo na parede, olhei e vi uma luz encarnada que, de repente virou verde; o senhor apontou-me para a mesa onde havia um dossiê e fez-me aquele sinal característico com o dedo da mão que quer dizer anda ou começa. Deduzi que a luz verde era para andar e o dedo queria dizer lê. Abri o dossiê e comecei a ler. Enquanto estava a ler, abre-se a porta e um outro senhor entregou-me um telegrama. Percebi, era uma notícia de última hora, eu devia interromper o que estava a ler e dizer "acabam de entregar-me esta notícia de última hora" e lê-la. Nunca esqueci, o telegrama era uma notícia desse dia, lida num estúdio ao lado ao vivo, sobre a situação na ex-Rodésia do sul, o então Tanganica e Zanzibar (hoje unidos na Zâmbia). Quando cheguei ao nome do presidente Julius Kambarage Nyerere simplesmente não fui capaz de pronunciá-lo, fiquei totalmente amnésico! Lá se foi o emprego!
Dois anos depois, já em Joanesburgo, uma amiga minha, locutora portuguesa da mesma SABC, a quem por vergonha nunca contara a história, convida-me para ir assistir à gravação de uma peça de teatro radiofónico nos estúdios da SABC, na qual ela desempenhava o papel principal. Por curiosidade - e também por que ela era daquela família de apelido Boa-Todos-os-Dias, e dava sinais de que eu era "papável" - fui. Faltou o figurão que fazia o barulho das pessoas a andar e as portas a abrir, fechar e bater. A minha amiga sugeriu à produção que eu era capaz de fazer o trabalho, levara-me para dentro do estúdio, fizeram-me um briefing apressado e eu lá desempenhei o papel invisível, caminhando sobre o trilho de pedra solta, batendo, abrindo ou fechando a porta quando instado pela produção. Daí a dias fui convidado para um pequeno papel com umas 10 palavras, era o teste não anunciado. Gostaram da minha voz e assim fiquei para voos mais altos. Não entrei na rádio pela porta grande, entrei pela porta do cavalo.
Se ainda não vos ocorreu, esta historieta tem antecedentes no IVS, uma vez que começou no palco do ginásio cuja foto a Natércia publicou. A experiência dar-me-ia dividendos pela vida fora, quando fui chamado a fazer milhentas palestras, apresentações, entrevistas e conferências. O IVS esteve sempre presente!
Está bem, seus curiosos! de "papável" fui promovido a "papado" e mais não digo...
Não foi em Cernache que fiz rádio. Foi na Caraoinheira e depois em Condeixa. Fiz um programa sobre crianças e um outro com um colega de profissão que se chamava " dois dedos de conversa " Falávamos de microfone aberto, de tudo o que nos apetecia, como se estivessemos na mesa do café da esquina Ao mesmo tempo fiz discos pedidos.
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